segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Matheus - A Reencarnação.



Um trecho do romance "Matheus - A Reencarnação"
quando ele conhece um pouco do amor dos seus pais

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- Papai, porque o senhor vem sempre por este trajeto passando pela Barra se é mais logo?
Roberto e Carol trocara um olhar cheio de cumplicidade e então ele sugere a Carol.
- Conte a ele minha querida.
Carol sorriu e alisou o ombro de Roberto para então dizer:
- Seu pai acha linda a paisagem do Farol da Barra – fez uma pausa sorrindo e completou – e foi no Farol da Barra que ele me beijou pela primeira vez. Então ele sempre passa por aqui para relembrar aquele lindo dia.
- Hum... Que lindo! Não sabia deste detalhe da vida de vocês.
- Ah, meu filho. Seu pai é um romântico inveterado. Meio caladão, mas têm atitudes que valem mais que mil palavras.
- Gostei de saber disso. Muitas vezes me perguntei se papai dizia palavras românticas para a senhora. Nunca o vi dizer nada...
- Claro que ele diz meu querido. Mas para tudo tem sua hora e lugar certo. Não são palavras que dizem dos sentimentos de uma pessoa, mas as ações. Estas sim, valem muito mais que as palavras.
- É verdade. A senhora tem razão.
- Sabia que antes de começarmos a namorar, ele ia me visitar a noite depois do cursinho e não tocava nem na minha mão a não ser para me cumprimentar. Quando ele se despedia, abria um livro, tirava um envelope branco e perfumado, e me entregava dizendo: “Para você, Carol”.
- E o que tinha dentro destes envelopes?
Roberto ruborizado disse:
- Você não vai contar a ele, vai?
Ela piscou os olhos, balançou a cabeça afirmativamente e sorrindo disse:
- O que tem demais eu contar? Eu passava a noite esperando você me entregar aqueles envelopes...
- Há mãe. Conta logo que já estou curioso.
- Ele me entregava um envelope cada vez que ia me ver. Depois que sai eu abria e dentro tinha escrito a bico de pena em papel vegetal, um poema. Até hoje guardo todos eles, Tenho num baú de madeira que mandei fazer por um artesão do Mercado Modelo, só para guardá-los.
- Serio? Mostre-me depois que quero ler alguns, pode ser?
- Não meu filho. Isso não. Aqueles poemas de seu pai só eu os leio. Pode parecer egoísmo, mas se eu deixar alguém ler, é como se roubasse deles suas palavras que ele escreveu exclusivamente para mim.
- Está bem. Eu entendo o que a senhora quer dizer. É como se você fosse dividir os sentimentos dele com outra pessoa, não é isso?
- Sim, isso mesmo.
- E papai parou de escrever?
- Não. Sempre trás um envelope e coloca dentro do baú sem que eu veja. O mesmo perfume e escrito da mesma maneira.
- Ai paizão. Gostei de ver – disse Matheus feliz ao ter tomado conhecimento daquele lado romântico do seu pai que até então desconhecia.
Roberto manteve-se em silêncio. Apenas olhou para Carol e lhe jogou um beijo. Depois então disse:
- Como te amo minha linda menina!




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